Lula diz agora querer combater “República de Ladrões de Celulares”

Proposta visa enfrentar crime organizado, mas declarações passadas do presidente geram questionamentos sobre coerência de sua posição

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta quarta-feira (19), em evento em Fortaleza, que apresentará uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) focada em segurança pública. Segundo ele, o objetivo é combater o que chamou de “república de ladrões de celulares”, um problema que, em suas palavras, não será tolerado. “A gente não vai permitir que a república de ladrão de celular comece a assustar as pessoas nas ruas desse país”, declarou Lula, destacando a necessidade de enfrentar o crime organizado.

A PEC da Segurança Pública, ainda sem detalhes divulgados, seria uma resposta ao aumento de furtos e roubos de celulares, que têm crescido em diversas cidades brasileiras. Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostram que, em 2023, cerca de 1,68 milhão de celulares foram roubados no país, um crime que muitas vezes evolui para fraudes bancárias. O governo já implementou medidas como o aplicativo “Celular Seguro”, lançado em 2023, que permite bloquear aparelhos roubados, mas a nova proposta sugere um endurecimento da política de segurança.

Durante a campanha eleitoral de 2022, no entanto, Lula fez declarações que contrastam com o tom atual. Em um discurso, ele afirmou: “Não posso ver mais jovem de 14 e 15 anos assaltando e sendo violentado, assassinado pela polícia, às vezes inocente ou às vezes porque roubou um celular, para tomar uma cervejinha”. A fala, registrada em vídeo e amplamente circulada à época, foi interpretada como uma crítica à repressão policial contra jovens infratores, sugerindo uma postura mais branda em relação a crimes menores.

A diferença entre as duas abordagens levanta dúvidas sobre a consistência do discurso do presidente. Enquanto a PEC sinaliza uma linha dura contra o crime, a declaração anterior indica preocupação com a vitimização de adolescentes envolvidos em delitos. O Planalto não comentou oficialmente as declarações passadas, e o conteúdo da PEC segue em elaboração, com previsão de envio ao Congresso nas próximas semanas.

Fonte: Portal do Callado

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