Defesa Civil orienta a população sobre cuidados durante o período de estiagem, enquanto o Instituto Brasília Ambiental monitora a qualidade do ar frente ao aumento das queimadas
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) publicou, nesta quinta-feira (5), alerta vermelho de grande perigo para umidade relativa do ar abaixo de 12% em todo o Distrito Federal. Previsto para durar inicialmente até as 17h, o aviso dos meteorologistas também aponta elevado risco de incêndios florestais e à saúde dos brasilienses.
O alerta vermelho (grande perigo), conforme o sistema de cores estabelecido pelo Inmet, é o mais crítico entre os existentes, que incluem ainda os avisos laranja (perigo) e amarelo (perigo potencial).
Em todos os cenários, a Subsecretaria de Proteção e Defesa Civil do DF dispara mensagens orientando a população sobre os riscos e cuidados que devem ser tomados durante o período de estiagem. O serviço pode ser solicitado pela população por meio do telefone 40199. Basta enviar uma mensagem, e a inclusão na lista de transmissão é automática.
Os alertas são gerados pelo Centro de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad) da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec), do Ministério da Integração, em parceria com os órgãos de Defesa Civil de estados e municípios.
“A Defesa Civil trabalha em conjunto com outros órgãos do Governo do Distrito Federal (GDF) no monitoramento dos índices do Inmet, em particular na questão da umidade e temperatura, para, quando for necessário, emitirmos o alerta via SMS aos cidadãos”, explica a capitã Luciana de Oliveira, da Gerência da Gestão Administrativa e Comunicação da Defesa Civil do DF.
Cuidado redobrado
Segundo a servidora, com a umidade relativa do ar abaixo de 12%, é preciso redobrar os cuidados especialmente com crianças e idosos, mais vulneráveis aos sintomas provocados pela seca. “E para a população em geral, as orientações são as mesmas: manter-se hidratado, os ambientes umidificados, evitar exposição ao sol e atividade física nas horas mais quentes”, acrescenta a capitã.
Cuidados que o militar Fábio Rodrigues, de 48 anos, já conhece bem. O brasiliense, adepto da prática do ciclismo, não sai de casa sem sua aliada para encarar os dias de estiagem: as garrafinhas. “Ando sempre com duas – uma contém água e a outra tem isotônico”, detalha. “Só assim para conseguir praticar atividade física. Até para quem está acostumado com a seca está difícil”.
O professor de futevôlei Edivan Souza, 57, costuma orientar os alunos com dicas que vão além da hidratação por ingestão de líquidos: “Ela precisa ser contínua, um hábito em dias de seca. Mas não podemos descuidar. Sempre recomendo uma alimentação leve para prática das aulas e de proteção, com utilização de camisas com proteção UV ou uso de cremes e hidratantes em áreas que ressecam mais, como o nariz e rosto”.
Índices preocupantes
O meteorologista Carlos Rocha, do Instituto Brasília Ambiental, explica que, neste ano, a seca chegou antes do previsto para os brasilienses: “A estiagem veio mais cedo, e estamos sem chuva desde o dia 23 de abril. Normalmente, no início de maio, ainda temos algumas precipitações. É inédito em toda a série histórica desde 1963 termos quatro meses consecutivos sem chuva – maio, junho, julho e agosto”.
Como se não bastasse, na terça-feira (3), o DF atingiu o recorde histórico de menor umidade relativa do ar, com a estação meteorológica da Ponte Alta, no Gama, registrando o índice de apenas 7%.
O alerta vermelho (grande perigo), conforme o sistema de cores estabelecido pelo Inmet, é o mais crítico entre os existentes, que incluem ainda os avisos laranja (perigo) e amarelo (perigo potencial)
A estiagem, conforme as projeções dos meteorologistas, só deve ter fim após a segunda quinzena de setembro. “Temos a possibilidade de chuvinha prevista para o dia 21 – sempre deixando claro que a assertiva desses modelos em um prazo de 15 a 20 dias não é muito boa. Entretanto esta é a tendência mostrada hoje”, prossegue Rocha.
Ainda de acordo com o especialista, soma-se à tradicional seca brasiliense o impacto das queimadas florestais em todo o país. Nesta manhã, o instituto emitiu informativo apontando “horizonte mais esfumaçado, com o aumento da concentração de material particulado, proveniente das queimadas que estão ocorrendo no Distrito Federal e no Entorno”.
“Para agravar a situação, na noite de quarta-feira (4) e manhã de quinta (5), observamos que houve uma chegada de fumaça (material particulado), proveniente da queima de biomassa (incêndios florestais), vindo da região leste do DF, devido aos incêndios naquela região, mas que, por sua vez, também recebeu a fumaça, devido à circulação atmosférica, da fumaça das queimadas na região Sudeste e Norte do país”, diz o aviso.
Qualidade do ar
Ciente dos riscos à população, o GDF instituiu, em 26 de agosto, uma comissão para elaboração de plano para episódios críticos de poluição do ar na capital. A criação do colegiado foi oficializada com a publicação do decreto nº 46.182 na edição extra do Diário Oficial do Distrito Federal (DODF).
A constituição do grupo já havia sido anunciada após uma reunião do governador Ibaneis Rocha com autoridades do GDF em decorrência da cortina de fumaça vinda de outros estados que se concentrou no céu da capital federal no dia anterior.
Composto por 17 órgãos do GDF e sob coordenação do Instituto Brasília Ambiental, o grupo terá como responsabilidade propor ações de ampliação e modernização da rede de monitoramento da qualidade de ar do DF. A comissão terá um prazo de 90 dias para a elaboração das propostas.
O objetivo é deixar a cidade preparada caso aconteça novamente uma situação semelhante. Essa foi a primeira vez que Brasília enfrentou a forte redução do Índice de Qualidade do Ar (IQAr), que chegou a ser classificado de ruim a péssimo para material particulado (poeira, fumaça ou fuligem).