Presidente diz que ministro fica “de vez em quando irritado” quando medidas que dependem do parlamento não vão para frente

O presidente Jair Bolsonaro afirmou que o ministro da Economia, Paulo Guedes, não demonstrou a ele se em algum momento esteve prestes a sair do governo, mas disse que o ministro fica “de vez em quando irritado” quando medidas que dependem do Parlamento não vão para frente. Segundo Bolsonaro, Guedes só desembarca do cargo quando o mandato presidencial acabar.
“Não demonstrou para mim não (se alguma vez esteve prestes a sair do governo). Lógico que de vez em quando a gente vê que ele fica irritado porque certas medidas dependem de votações, eu sei como funciona o Parlamento e ele está aprendendo ainda. Então ele quer resolver e fica chateado”, disse Bolsonaro em entrevista ao canal de vídeos do filho 03 e deputado federal, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).
“Então ele quer resolver e fica chateado, agora no tocante a sair, ele falou que vai sair comigo quando acabar meu mandato”, afirmou.
Em vários momentos Guedes já demonstrou frustração com o andamento das medidas econômicas no Congresso, como as pautas de reformas e privatizações. Diante da situação, em coletiva à imprensa na sexta-feira (18), o ministro disse que não prometeria “mais nada”. “Acabou. Não prometo mais nada. [Agora, só digo] ‘Espero que o Congresso aprove. Felicito o Senado pela aprovação’. Aprendi”, disse nesta sexta-feira, 18, em coletiva de imprensa para um balanço das ações do ministério este ano. “Falei ’em 15 semanas vamos mudar o Brasil’. Não mudou nada, teve a pandemia. Agora a mesma coisa. ‘Vamos anunciar em 90 dias as privatizações’, aí descubro que tem um acordo político para inviabilizar e não pautar. Aí a conta vem de novo, ‘ele não entrega'”, afirmou.
Em meio a um conflito entre o presidente Bolsonaro e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), sobre o pagamento do 13° do Bolsa Família, o ministro decidiu interromper as férias programadas para este fim de ano. Edição extra do Diário Oficial da União publicada na sexta-feira, formalizou a mudança. As férias do ministro começariam neste sábado, 19, e iriam até 8 de janeiro.
A previsão de férias de Guedes foi publicada em 11 de dezembro e a agenda oficial sem compromisso, “em período de férias”, também já havia sido divulgada pela assessoria. Durante sua live feita na quinta-feira, Bolsonaro acusou Maia de deixar a medida provisória sobre o assunto caducar e, assim, impedir o pagamento do abono natalino em 2020. Em reação quase imediata, Maia chamou Bolsonaro de “mentiroso”. A fala foi repetida na sexta na tribuna da Câmara.
Também em resposta, Maia anunciou que pautaria a medida provisória sobre a prorrogação do auxílio emergencial, acrescida de nova previsão sobre o 13° do Bolsa Família. Antes mesmo da votação ontem, Guedes admitiu que não há recursos para o pagamento extra neste ano.
“Sou obrigado, contra minha vontade, a recomendar que não pode ser dado o 13.º do Bolsa Família”, disse Guedes em entrevista coletiva virtual para apresentar um balanço de fim de ano. “É lamentável, mas precisa escolher entre um crime de responsabilidade (13.º) e a lei.”
Fonte: Terra